quarta-feira, 9 de abril de 2014

Moribunda...Vale a pena ler de novo?

Publicado em 31/03/2009 e no livro "tenho Dito" 2012.

APÓS NOVENTA DIAS, MORIBUNDA CONTINUA VIVA

 

era de se esperar. Passados noventa dias, a atual equipe responsável em salvar a moribunda do estado em que se encontra há mais de trinta anos não conseguiu, até o momento, visíveis melhorias. Os familiares mais chegados e confiantes já começam a se preocupar.
“O quadro apresentado é pior do que se pensava”, argumenta o chefe da equipe, após análise criteriosa do prontuário e do resultado obtido através de ressonância magnética. Foram constatados problemas principalmente de acefalia, somados ainda à prisão de ventre, infecção nos artérias, artrites, pressão alta, diabetes e um alto grau de hemorroidas, doença altamente hereditária. Não há sinal do fígado no exame e a polícia foi avisada, pois há indícios de tráfico de órgãos.
O coração ainda bate, mais ainda funciona devido à medicação contínua de “esperançadina” fornecida pelos familiares, de quatro em quatro anos.
A aparência da paciente não é das melhores, pois espanta todo o visitante mal avisado, coisa que não parece preocupar a maioria de seus familiares, que já se acostumou com aquela condição. Também é de lamentar o estado de locomoção. Infelizmente consegue apenas fazer suas necessidades fisiológicas e retorna para seus aposentos. Passos para frente somente serão possíveis com ajuda de pessoal especializado e após muita terapia e vontade compartilhada: paciente, corpo clínico e familiares.
Até a equipe nomeada para dar uma maquiagem e deixar a paciente em melhores condições ainda não conseguiu êxito. Uma hora falta pigmento, outra falta água... E o mais desanimador é que até os encarregados fazem corpo mole e dizem que não trabalham se não receberem horas extras.
Após este breve diagnóstico, os familiares já começaram a se reunir e vão dar mais um prazo para a atual equipe clínica tentar tirar a moribunda da UTI (Unidade de Tentativa Inútil) e fazer com que a paciente, lentamente, possa achar seu caminho de recuperação, voltar a andar e conviver com seus familiares.
Apesar do seu estado calamitoso, é bom ressaltar que a paciente ainda continua VIVA.
VIVA a paciente.

P.S. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.




Um comentário:

  1. Olha Eduardo, é impressionante este caso. Deveria ser objeto de estudo acurado de autoridades internacionais no assunto.

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